Santa Missa & Liturgia

O que fazer quando a homilia é ruim?


Apóstolo Pedro a pregar no Pentecostes

Primeiro alegre-se por ser Católico! Enquanto Católicos temos o privilégio de irmos à Igreja por um motivo ainda mais formidável do que ouvir a pregação da palavra de Deus num belo sermão. Temos a Sagrada Eucaristia.

Isso não quer dizer que a homilia não importa? Sim, importa. Porém, nem todo presbítero tem o dom da eloquência e  raros são aqueles que, a exemplo do Apóstolo Pedro, que com um sermão converteu três mil pessoas (Actos 2,41), dominam a arte da oratória. De facto, a situação está mais para o oposto, atualmente três mil sermões talvez convertam um fiel. Contudo, não devemos nos desalentar, pois se Deus pôde fazer um burro falar para ensinar uma lição a um pagão (Num 22,28), certamente Ele pode nos ensinar muitas lições por meio de um sermão mal escrito ou mal pregado!

O problema é que tem-se diseminado a idéia de que o fiel deve ir à Missa ou ao culto, no caso dos protestantes e evangélicos, não apenas para prestar adoração à Deus mas, de modo igualmente importante, para obter a sua “quota semanal de bem-estar espiritual”. Vai-se à Missa mais com a mentalidade de receber do que dar graças! Assim, quanto mais empolgante, mais dinâmico o sermão, melhor! Acredita-se que o louvor a Deus deve ser necessariamente seguido por alguma forma de bem-estar ou entusiasmo carismático e subjetivo que emociona e toca individualmente a cada pessoa da congregação. Alguns, se movidos às lágrimas, creem que foram tocados mais profundamente pelo Espírito Santo que do contrário. Desta forma, propaga-se lentamente nos meios católicos um pouco da mentalidade tão característica dos meios pentecostais.

Não devemos crer que sejamos  nós o foco do Sacrifício da Missa, tampouco devemos presumir que o Espirito Santo não estaja a agir em nossos corações porque não fomos capazes de sentir Sua ação de algum modo particular.

Devemos nos lembrar que Deus se faz presente de quatro formas distintas na Missa Católica: Na  Liturgia da Palavra, pois a Escritura é Palavra viva de Deus e Ele está vivo nela. Assim, quando ouvimos atentamente às leituras da Missa, estamos, em última instáncia, a ouvir ao Próprio Deus, que fala a cada um de nós de modo particular. A segunda forma é  a presença de Deus Filho, em Espírito. Jesus  fez uma promessa na qual Ele nos assegura estar presente quando dois ou mais se reunírem em Seu nome. A terceira forma pressupõe a compreensão de um conceito mais teológico, o “alter Christus”, que explica a presença de Cristo por meio do próprio Sacerdote que preside a missa, principalmente no momento da Consagração.

Alter Christus, o sacerdote está profundamente unido ao Verbo do Pai que, encarnando, assumiu a forma de servo, se tornou servo (cf. Fl 2, 5-11). O presbítero é servo de Cristo, no sentido que a sua existência, ontologicamente configurada com Cristo, adquire uma índole essencialmente relacional: ele vive em Cristo, por Cristo e com Cristo ao serviço dos homens. Precisamente porque pertence a Cristo, o presbítero encontra-se radicalmente ao serviço dos homens: é ministro da sua salvação, nesta progressiva assunção da vontade de Cristo, na oração, no “estar coração a coração” com Ele. Assim, esta é a condição imprescindível de cada anúncio, que exige a participação na oferenda sacramental da Eucaristia e a obediência dócil à Igreja. Papa Bento XVI

A quarta e última forma é pela Presença Real na Santa Eucaristía, onde o Cristo Salvador esconde-se sob a forma das substancias consagradas e após a prece Eucarística  faz-se fisicamente presente no meio de nós.

Uma vez que tomamos consciência de que a Eucaristia é, na verdade, o centro do nosso louvor e adoração, podemos nos entregar inteiramente à participação no Sacrifício da Missa e acreditar que de alguma forma seremos abençoados por Deus.  Mais adiante, é importante salientar que Deus usa até potes e vasos trincados para seus propósitos, da mesma forma os padres são portadores da mensagem de Deus, os quais Ele sua para falar diretamente à cada um de nós.  Isso não quer dizer que Deus necessariamente fará suas palavras eloquentes ou interessantes. Mas certamente, podemos acreditar e esperar que de algum modo, se abrirmos nossos corações, por meio  dessas mesmas palavras Deus poderá nos tocar para a nossa santificação, assim como fez nas Escrituras, pelo poder do Espírito Santo. AMÉM.

2 replies »

  1. O “alter christus” só se configura na ocasião da celebração da Santa Missa, não é?
    Não ocorre no dia-a-dia do presbítero, em suas atividades FORA da missa e nem em ocasião de “celebração eucarística” presidida por ministro da comunhão, certo?

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    • olá Bruno!

      Sua pergunta deu-me a ideia para minha próxima postagem…Se Deus quiser, vou escrever sobre isso este fim-de-semana, e espero esclarecer as dúvidas de muitos…

      Mas pra não deixá-lo sem resposta, sim, o presbítero na missa é um outro cristo, ele revive as ações de cristo durante sua Paixão… Mas a diferença entre Persona Christi e Alter Christus, ao menos para nós leigos, é bem sutil. Espero poder explica-la no meu próximo artigo.

      Pax Domini!

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